Cavalheirismo? O que é isso?!
CAVALHEIRISMO s. m. 1. Acçãoou qualidade própria de cavalheiro.
2. Actonobre, bizarro.
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→ | CAVALHEIRO
s. m.
1. Homem bem-educado e de bons sentimentos.
2. Homem desprendido e que sente repugnância pelos interesses sórdidos.
3. Homem que acompanha, conduz ou dança com uma dama.
adj.
4. Nobre, cavalheiresco.
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Fonte: Dicionário de Língua Portuguesa - Priberam |
Ontem senti-me mais ou menos como o Oliver (interpretado por Ashton Kutcher no filme A Lot Like Love - O Amor está no Ar) quando foi a um bar com a Emily (interpretado por Amanda Peet, no mesmo filme).
Já não me lembro muito bem como tudo aconteceu no filme, mas lembro-me de eles terem ido a um bar e no final:
Oliver: Eu pago.
Emily: Eu sei.
Oliver: Não me importo de pagar, chateia-me é que partas desse princípio. Ao menos faz um gesto. Finge que vais pegar na conta.
O cavalheirismo aqui foi intocável. Ele de facto pagou e mesmo que ela quisesse pagar, aposto que ele não deixava...como se nota mais a frente no mesmo filme.
Já comigo...
Ontem fui sair com o B.B.
Já conheço o B.B. á uns 7 anos, pelo menos...o irmão dele andou na mesma turma que o meu ex-namorado e por isso saímos algumas vezes todos juntos. Então eu e o B.B. acabamos por nos tornar amigos.
Com, pelo menos, 7 anos de amizade já existe algum à-vontade e por vezes esquecemo-nos de agradecer, ou pedir se faz favor...ou algo do género. Nesses casos, não direi que é falta de educação da parte da outra pessoa, é simplesmente o à-vontade que se tem que acaba por ocultar algumas coisas.
Contudo, ontem foi uma serie de acontecimentos que me fez ficar um pouco constrangida...e olhando para o passado, noto que ontem não foi a primeira vez que isso aconteceu.
Não foram coisas graves, apenas pormenores mas como ouvi algumas vezes: os pormenores contam!
Depois do trabalho fui beber um café com o B.B. ao Império.
Como eles não têm serviço de esplanada, fui ao balcão pedir o meu café e, como faço habitualmente com qualquer pessoa que me acompanhe, perguntei ao B.B. se queria alguma coisa.
Ele hesitou mas lá se decidiu a pedir um pastel de nata.
O Sr. que estava ao balcão, ao ver-nos juntos fez a conta em conjunto. E, tal como disse o Oliver no filme, eu pensei: Nem me importo de pagar, mas ficava-te bem pelo menos perguntar quanto era.
Pois, mas não...não perguntou, não tirou a carteira, não fez nada.
Quer dizer, fez! Agarrou no pratinho com o pastel de nata e foi-se sentar na mesa da rua.
Ultimamente ando mais atenta ao comportamento dos que me rodeiam e este foi um comportamento que me chocou, e muito. Tanto que nem consegui dizer nada. Fiquei simplesmente chocada a olhar para ele.
Entretanto, depois de pagar a conta, agarrei no meu café e fui sentar-me também. Ficamos a conversar durante um pouco, fomos dar uma volta por Torres Vedras, paramos e continuamos a falar.
Tudo normal, até que chegou a hora de voltar para casa.
Eu tinha o meu carro estacionado no centro de Torres e como sei que a casa dele não fica longe, mas também não fica propriamente perto, pensei em oferecer-me para leva-lo a casa. Até porque também ficava a caminho, e não custava nada.
Surpresa das surpresas: não foi preciso oferecer-me. Ainda antes de eu ter aberto a boca, já estava ele do outro lado do carro, junto a porta a perguntar se a porta do pendura não se abria com o fecho central.
Exactamente! Tanto quanto sei, a transmissão de pensamentos ainda não é uma realidade, por isso ele assumiu sozinho que eu o iria levar a casa.
Mais um acto que me deixou um pouco chocada.
Deixei-o em casa e segui para a minha. Uns 20 a25 minutos de caminho até a minha casa que permitiram reflectir sobre tudo o que se tinha passado naquela tarde. E a que conclusão chego? Não falamos nem por um segundo sobre mim.
Quer dizer, ouve a "obrigatória" pergunta do "Está tudo bem contigo?" mas essa nem conta, porque já é uma pergunta tão automática que desconfio que a maioria das pessoas nem ouve a resposta quando a faz.
Por isso, durante 1.30h falamos exclusivamente sobre ele.
Não que eu me importe, claro. Nem sou uma pessoa que gosta de falar e falar e falar, muito menos sobre mim, mas ficava bem perguntar algo, não?
Sinceramente, fiquei um pouco desiludida com ele.
Talvez não só por causa do que aconteceu ontem, mas porque – tal como já disse anteriormente - não foi a primeira vez que aconteceu.
Irá mudar? Duvido muito...mas dá-se sempre o beneficio da duvida, não é?
Talvez um dia chegue ao:
Oliver: Pago eu.
Emily: Não, eu pago.
Oliver: Não. Obrigado pela intenção. Mas pago eu.