Home!
Agora já está. Não há nada a fazer.
Vamos voltar para casa, sem arrependimentos, apenas com a tristeza de ter tentado e não ter corrido como esperavamos.
Agora é só esperar que o tempo passe.
Um dos motivos porque não conduzo cá
...é porque a buzina ia ficar afónica em menos de um mês!
Ok, por norma não sou muito paciente no transito, no entanto é raro verem-me buzinar quando conduzo. Mas aqui, ai aqui!
Desconfio que os meus dedos teriam que ceder muitas vezes a tentação de buzinar e não seria para chamar a atenção de alguém para dizer adeus!
Ora vejam e digam se era só eu:
Estão a ver aquela carrinha branca (no quadrado vermelho)? Pois bem, ela era o motivo das minhas buzinadelas de hoje de manhã, caso conduzisse cá. Isto porque o condutor simplesmente parou no meio da estrada, fazendo a fila que se pode ver, para descarregar qualquer coisa para o café.
Parou a carrinha, saiu, descarregou, fez a fila e foi embora quando acabou. Simples assim.
E o que os outros condutores fizeram? Nada. NADA! Apenas esperaram que ele acabasse de descarregar!
Este por acaso demorou só uns minutos, no entanto já vi alguns a fazerem o mesmo aqui na rua da loja e demoraram quase uma hora. E as pessoas esperavam, voltavam para trás ou "bufavam" dentro do carro. Nada mais que isso.
Seria só eu que me passava e desatava a buzinar? Porque isto em qualquer terrinha do Continente não acontecia sem alguém reclamar a sério, mas aqui na cidade é o prato do dia e ninguém diz nada!
É possível...
...viver numa ilha e ter saudades da praia? É!
É, porque ao viver-se numa ilha "vê-se mar por todo o lado" e não praia.
Tenho saudades da areia - de ter os pés na areia, dos biquinis, dos gelados, das toalhas, dos grupos de amigos. Eu não gosto de ir à agua mas até disso tenho saudades.
Sim, vivo numa ilha. Sim, até tenho algumas praias perto. Sim, até vejo o mar todos os dias. Mas não, não é a mesma coisa!
Cada vez penso mais em voltar...
A cada dia que passa parece que a ideia de termos vindo para Ponta Delgada foi um erro redondo.
No inicio todos apoiaram, todos diziam que ajudavam no que fosse preciso, todos incentivavam. Mas agora, passado pouco mais de 6 meses, já não é bem assim.
Cada vez mais há quem nos diga que devíamos voltar e abrir a loja lá. Cada vez mais surgem situações no Continente e que não conseguimos resolver porque estamos aqui e ninguém quer tentar resolver ou simplificar para nós. Cada vez mais menos pessoas se dispõem a ajudar como no inicio.
Todos os dias acordamos com a vontade de voltar para casa. Todos os dias descobrirmos algo que ficaria facilitado se estivemos no Continente. Todos os dias nos levantamos com vontade de apanhar o próximo avião de volta.
Será possível tamanho arrependimento? Sempre ouvi dizer que tudo serve de aprendizagem e esta foi uma das grandes! Com isto aprendemos que não podemos contar "eternamente" com alguém. Aprendemos a valorizar tudo o que temos ao nosso dispor mesmo ao pé de nós. Aprendemos a valorizar quem lutou por isto tal como nós, dia após dia.
Depois da aprendizagem resta-nos levantar a cabeça e arrumar as malas. Preparar o espírito para as bocas e as perguntas que se avizinham e dar a mão à palmatória de quem realmente tinha razão.
Esta aventura chamada Tendência Azores, já tem os dias contados e agora resta-nos esperar. Não posso dizer que foi bom mas posso dizer que valeu a pena. Pelo menos torno-nos mais fortes e mostrou-nos que juntos vamos mais longe, mesmo que depois seja preciso voltar para trás.
Não compreendo!
Estamos no final da grande festa do arquipélago. Todas as ilhas vêm para Ponta Delgada. Açorianos a viver no Continente vêm para Ponta Delgada. Açorianos a viver na América vêm para Ponta Delgada.
É o ponto alto da ilha. É quando todos os emigrantes voltam as suas raízes. É onde todos se encontram. É quando todos tentam mostrar a todo o custo que têm orgulho em ser desta ilha.
É também quando se vê coisas que nunca hei-de compreender. Coisas tais como:
* ser açoriana e afirma-lo onde quer que entre
* ter tatuagens em todo o corpo com o nome "Açores" / "Azores" ou com símbolos relacionados com a ilha
* comprar coisas que apenas façam lembrar a terra Natal. Coisas com golfinhos, cachalotes, palavra "Açores", etc
E depois fazer algo completamente contraditório:
* Falar inglês com os familiares que também são açorianos e, como tal, também percebem português
* Nunca ter ensinado uma palavra portuguesa aos filhos, sabendo falar apenas inglês
Tanto orgulho nacional para depois fazer figuras destas? Não compreendo!