Adoro-te mas odeio-te!
No outro dia irritei-me com o meu pai...
Isto começa a ser tão habitual que já nem dou muita importância. Acho mesmo que faz parte da nossa relação e se ficamos muito tempo sem nos chatear-mos ate estranhamos...
Contudo há motivos que nos levam a estas zangas que simplesmente não têm cabimento.
Agora que somos três a ter carta la em casa, e o meu Punto ainda la está parado (4 carros, portanto), o espaço para arrumar tanto carro começa a ser escasso.
Então, no outro dia de manhã fui a primeira a ir trabalhar e assim que sai a porta notei que o carro da minha irmã estava a tapar cerca de metade do meu (e do outro lado tinha uma parede). Não é que isto me impedisse de sair mas obrigava-me a fazer imensas manobras para tirar de lá o meu carro sem riscar nem bater nem nada.
Estão a imaginar, não é? Isto logo de manhãzinha com um tempo de manobra reduzido para não me atrasar para o trabalho. Passei-me! Barafustei tudo e mais alguma coisa do que me veio a cabeça.
Logicamente que eu a reclamar no meio da rua logo de manhã chama a atenção dos meus pais (que já estavam de pé a preparar-se para sair também).
Enfim, como nao sou mulher de me ficar, la fui eu para dentro do meu Peugeot decidida a sair dali ilesa num abrir e fechar de olhos.
O problema disso? Nenhum! Não fosse o meu pai (ao ouvir-me reclamar) ter vindo logo para a rua e ao perceber o que tinha acontecido coloca-se logo atrás de mim a dar-me indicações de como sair dali...
"Vá, vai a frente. Agora vira tudo para a esquerda e enquanto vens para tras. Puxa a frente de novo e volta a virar tudo para a esquerda." Bla bla bla.
Juro que compreendo e agradeço a boa intenção dele - a serio que sim! - mas nunca gostei que me fizessem isso. Não é por mal, mas imaginei que em vez de ter acontecido aquilo em casa me tinha acontecido na rua, num estacionamento qualquer onde o meu pai na estava lá para me ajudar. Como era? Como é que eu me ia safar? Ia ligar-lhe para ele ir ter comigo para me tirar o carro, não?
Pois é...!
Algum dia eu hei-de precisar e ele não vai tar lá para me ajudar. E quanto mais cedo me habituar a isso e aprender a safar-me sozinha, melhor.
Sim, eu sei que os filhos, aos olhos dos pais, serão sempre uns bebes indefesos e desprotegidos mas ele vai ter que se habituar a ideia de que eu ja cresci e quero aprender as coisas sozinha.
E quando nao conseguir, sei bem onde encontra-lo para pedir ajuda.
Confissões do diário de bolso # 2