Hoje é dia 6. Dia 14 vamos a casa. Vamos ao Continente.

Ando a contar os dias.

Por mais independente que eu seja (ou tente ser) o colinho da mãe faz sempre falta. O colinho da mãe, a rabugice do pai, as discussões com a irmã. Os amigos e os conhecidos. Quando estamos longe até das rotinas sentimos falta...

Mas é já dia 14. Não falta assim tanto, acalma-te!

Imagem retirada daqui

Ando a adiar falar com a C.R. Sei que se falar com ela tenho que lhe contar que nos vamos embora. Não quero ter que lhe contar. Não quero ter que encarar a cara dela e perceber o que lhe vai na mente. Não quero ouvir as bocas que vai mandar por só estar a saber mais tarde do que ela acha que merece saber. Simplesmente não quero.

As coisas já não são como eram mas eu gosto dela. Apenas queria contar-lhe e ter o apoio que preciso. O incentivo que qualquer amigo dá quando sabe que estamos a mudar para melhor, mesmo que esse melhor seja longe de si.

Sei que dali não vai ser assim. Ainda não a encarei e já sei o que vai acontecer. Não quero.

Contudo, é tão estúpido. Para que preciso de amigos assim? Para que é que mantenho esta amizade? Nunca tive uma palavra de apoio e incentivo e agora que me posso libertar-me disso tudo e mudar tudo para melhor não quero encarar a realidade de frente e dizer basta! Porquê?

Não há muitas pessoas de quem posso dizer que gosto. A família e o namorado (claro!) e um ou dois amigos. Aquele gostar mesmo! Capaz de fazer qualquer coisa por eles, para eles!

Uma dessas pessoas é a C.R.

Mesmo depois de tudo o que ela já fez comigo! Se não fosse ela, ui!, de certeza que já tinha deixado de falar á muito tempo! Mas a ela, sabe Deus porquê, perdoo-o tudo. Mais cedo ou mais tarde perdoo-o sempre. E o que ás vezes me arrependo disso!

Ás vezes nem é nada de especial. Um comentário, um olhar, uma expressão. Mas já há tanta coisa acumulada que depois qualquer coisinha deixa logo magoa. E este fim de semana voltou a acontecer. Desta vez só eu notei. Ás vezes até duvido de mim própria e acho que eu é que estou a ser maldosa ou interpretei mal...

Este fim de semana o M.C. combinou café com uns quantos amigos nossos que já não vemos a algum tempo. Ela incluída. Ela e a minha irmã foram as primeiras a chegar e nós chegamos logo depois. Estávamos a falar sobre animais e que queríamos levar um gatinho para a nossa futura casa (só a minha irmã é que sabe que já temos uma casa semi escolhida mais ninguém sabia sequer que estávamos á procura). Ao que ela pergunta:

"Estão á procura de casa?" com um ar de enjoada que eu já conheço de cor. "Sim!", respondi eu. "Boa sorte!" devolve ela. Mas para fazer este comentário ela baixa a cabeça e diz entre dentes. Fê-lo tão disfarçadamente que ninguém percebeu. Ninguém excepto eu que já a conheço e sei as relações dela a tudo.

Não é nada de especial, eu sei. Mas custa ver alguém de quem eu gosto tanto fazer este tipo de observações. Quando foi ela a mudar de casa eu fiquei super contente e orgulhosa por ela ter conseguido independência. Ofereci-me para ajudar nas mudanças e nas arrumações e tudo. E agora que sou eu a dar esse passo a única coisa que ela diz é "boa sorte" com ar de quem acha que não vamos conseguir? Juro que não compreendo!

E o que custa mais é que já não é a primeira vez que a vejo fazer isso. Quando comprei o meu carro o ar foi o mesmo e os comentários foram semelhantes. Quando comprei uma lente para a máquina fotográfica (imagine-se!) foi igual e até o M.C. notou o quão aziada ela ficou.

Não compreendo. Parece quase uma inveja doentia. Sempre que faço pequenas conquistas tenho sempre alguém que me quer deitar abaixo...

...já não bastava o meu pai...

Cada vez que leio no FB daquelas fases a dizer que devemos afastar-nos das pessoas que são negativas e só nos colocam em baixo, lembro-me dela...mas depois não consigo afastar-me porque gosto realmente dela e desejo-lhe toda a sorte no mundo. Genuinamente.

E tudo isto ainda é mais frustrante porque sei que mais dia menos dia eu vou perdoar toda esta estupidez de comentários e vou arrepender-me novamente.

Desiludiste-me tanto C.R.! A minha amiga, a minha irmã, a minha confidente... Uma das pessoas que mais me fazia falta em todo o mundo!

...e agora olho para ti e não me dizes absolutamente nada! É impressionante a nossa capacidade de eliminar as pessoas da nossa vida.

Numa situação inversa, eu seria a primeira a defender-te com unhas e dentes! Não iria permitir alguma vez que alguém colocasse em causa o teu amor ou sequer a tua fidelidade em relação ao F.J. Nunca! E tu foste a primeira a colocar isso em causa em relação a mim?

Magoa-me tanto pensar que uma das pessoas em quem eu mais confiava conhece-me tão mal!

O F.G. é meu ex-namorado, sim. E então? O M.C. é o meu actual e nada mais importa para mim! Não tenho olhos para mais ninguém! E era incapaz, alguma vez em toda a minha vida, ser-lhe infiel! Muito menos com um ex!

Ex é exactamente isso...alguém com quem já se tentou e não resultou...é uma relação que não teve frutos e no futuro continuará a não ter...por isso é que se permanece como ex!

Ele é meu ex, sim...mas mais que isso é um amigo para a vida! É uma pessoa que me conhece espectacularmente bem. Ele sim sabe que não iria nunca trair o M.C. Ele sim, mostra ter uma lealdade para com o M.C. que qualquer outro rapaz não teria. Porquê? Porque sabe que eu estou feliz ao lado dele. Ele sim, deu-me os parabéns quando lhe disse que estava noiva. Parabéns genuínos.  Ele sim olha para o M.C. até obter a aprovação dele quando o convido para alguma coisa. Ele sim é alguém em quem eu posso confiar e sei que estará lá para tudo o que eu precisar a qualquer hora e esteja onde estiver!

Para além disso, eu tenho um namorado esplêndido! Alguém que me preenche em todos os sentidos. Alguém que me compreende e aceita. Que me ajuda e perdoa todos os meus erros. Que se molda a mim tal como eu me moldo a ele, em vez de impor o que quer que seja. Que confia em mim tal como eu confio nele mesmo depois de tudo o que ele já passou com a ex dele. Alguém por quem eu estou completamente e perdidamente apaixonada!

Nunca na vida me passaria pela cabeça tocar toda a estabilidade, amor, atenção e carinho que ele me oferece diariamente por um caso perdido...por um caso que eu já conheço e sei que não resulta. Nem por este caso, nem por qualquer outro.

O meu namorado sim, me surpreende todos os dias pela sua capacidade de confiar em mim mesmo sabendo desta minha amizade incondicional com o meu ex. Ele sim poderia ficar de pé atrás e colocar em causa a minha fidelidade mas não, confiou em mim da mesma forma que eu confiaria nele numa situação inversa. Ele sim, ficou do meu lado sem nunca colocar nada em causa, tal como eu nunca colocaria nada em causa se ele estivesse no meu lugar.

Ele sim é o meu herói, o meu homem o meu tudo! Tudo o que eu nunca quero perder!

Desde sempre tive consciência que a minha amizade com o F.G. seria algo complicado de alguns digerirem mas nunca pensei que uma dessas pessoas fosses tu. Logo tu que me deverias apoiar e defender tal como eu faço contigo!

Tenho pena que isto acabe desta forma mas depois disto, nunca mais será como antes!

Não sei o que se passou mas ultimamente os meus amigos surpreendem-me com as atitudes mais irracionais de sempre! Anda tudo a ferver em pouca água e a única solução, para eles, é sair de casa! E vale tudo para isso acontecer: dormir no carro, procurar trabalho á pressa porque não se tem dinheiro para nada ou ir morar com o namorado com o qual quase que acabava por causa de um telefonema anónimo...

Claro que eu também queria sair de casa, mas vale a pena chegar a este ponto para o fazer?